Mãos na terra ajudam à inclusão social
A reabilitação de pessoas com incapacidade motora ou cognitiva fez nascer um projeto inovador de agricultura biológica que promove a inclusão social. O projeto está localizado em Cascais, nos arredores de Lisboa. E a produção de ervas aromáticas acabou por ser também um excelente motivo para recuperar terras que estavam votadas ao abandono.
Solidariedade e agricultura biológica
Foi este o casamento perfeito que teve como fada madrinha a Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Cascais (CERCICA).Esta instituição existe desde 1976 e forma pessoas com deficiência e incapacidade ou em risco de exclusão social.
A primeira colheita foi feita em 2016 e a produção anual já pode chegar aos 300 quilos.
A necessidade de encontrar formas alternativas de garantir a sua sustentabilidade financeira conduziu à criação de um projeto de Agricultura Social. A iniciativa foi lançada em 2012 a partir de um terreno baldio, muito degradado, e que na altura servia apenas como local de despejo de entulho.
Naquela área de 5 hectares acabou por surgir uma plantação onde é produzida uma seleção de ervas aromáticas biológicas de alta qualidade. A estévia, a erva-príncipe, o tomilho bela-luz e a lúcia-lima são as estrelas daquele terreno completamente recuperado.
Empenho de mãos dadas com o sucesso
Para o sucesso desta produção agrícola de cariz biológico, contribuem cerca de 80 pessoas, a grande maioria a tempo parcial.
O empenho de todos reflete-se na forma como cada um desempenha as suas tarefas, desde a preparação do solo, à colocação de estacas, à plantação, colheita e embalamento das plantas. Só a secagem é que é feita com o recurso a uma máquina, com a equipa a utilizar um secador solar artesanal, desenvolvido pela própria CERCICA a partir de um contentor para transporte marítimo.
Onde podem ser adquiridos estes produtos?
Após a secagem, as ervas aromáticas são vendidas a granel desfolhado, em embalagens de 1 kg para a restauração ou destinadas a exportação.
Mas há também uma parte que é embalada em celofane ou em latas com a marca CERCICA. Um dos principais pontos de venda ao público é a loja da própria instituição.
Mas não é o único. No âmbito da iniciativa do Mercado Social, a loja Pingo Doce de São João do Estoril, próxima da sede da instituição e dos campos de cultivo, disponibilizou um expositor dedicado à venda destes produtos. A totalidade do valor das vendas reverteu a favor da CERCICA.