Tomilho bela-luz de agricultura biológica
Gosta de um solo bem drenado, com pouca humidade, exige uma boa exposição solar, pode viver em condições de extrema adversidade e é bastante resistente a pragas e doenças.Eis o perfil do tomilho bela-luz, também conhecido por sal-verde, sal-puro, amor-de-deus ou manjerona-brava. Este arbusto perene, e que é de alguma forma menosprezado em Portugal – apesar de ser uma espécie exclusiva da Península Ibérica! – constitui uma das grandes apostas de produção agricultura biológica da Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos (Cercica), localizada no Estoril, nos arredores de Lisboa.
O projeto nasceu em 2012 e durante três anos foi realizada toda a investigação, em parceria com o Instituto de Investigação Científica e Tropical e com a Consulai (uma empresa de consultoria na área agroalimentar), para avaliar e preparar a herdade de 5 hectares para a produção de ervas aromáticas e medicinais. A escolha inicial recaiu sobre o tomilho bela-luz e a Stevia rebaudiana, por serem plantas substitutas do sal e do açúcar e, por isso mesmo, com mercado potencial para serem comercializadas.
A primeira grande plantação de tomilho bela-luz aconteceu em 2014. “Nessa altura compramos vários exemplares da planta-mãe, num viveiro certificado, e a partir daí começámos a fazer as estacas para o enraizamento, que é feito em tabuleiros. Um processo a que chamamos ‘cama quente’ porque os tabuleiros são aquecidos.” explica Luísa Simões. Esta engenheira agrónoma da Cerplant (uma empresa que nasceu na Cercica para fornecer serviços de jardinagem) explica que é nesses tabuleiros que o tomilho ganha raiz, o que permite depois o envasamento e posterior plantação. É usada uma tela anti-infestante e recorre-se a um sistema de rega gota-a-gota. Luísa Simões frisa que “além do controlo de eventuais pragas que possam existir, o tomilho só recebe adubação orgânica uma vez por ano”.
Esta fase é feita através de um secador solar artesanal criado a partir de um contentor marítimo.
Neste momento, já existe bela-luz plantado há cinco anos e conseguem-se fazer três a quatro colheitas por ano. “Assim que atinge cerca de 20 centímetros de altura, o tomilho é cortado rente e colocado a secar. Esta fase é feita através de um secador solar artesanal criado a partir de um contentor marítimo. A secagem está dependente do clima e pode demorar entre três a 15 dias”, explica Luísa Simões.
Para este processo de manutenção e colheita do bela-luz estão afetas cerca de 15 pessoas, mas o número de envolvidos cresce até 70 quando se chega às fases da desfolha e do embalamento. As opções são os sacos de 1 quilo, geralmente para restauração, ou então grandes sacos para venda a granel para exportação, em conjunto com outros produtores. “Paralelamente, existem também pequenas embalagens de celofane ou latas para vender em loja”, podendo ser adquirido na própria CerGarden (que fica no Estoril) ou no Pingo Doce de São João do Estoril.