Perda ou desperdício de alimentos? Descubra as diferenças.

Imagine um quilograma de arroz, de farinha ou de açúcar. Agora imagine 59 milhões de toneladas – são 59.000.000.000 kg. Tarefa difícil? É esta a quantidade de alimentos que, todos os anos, é desperdiçada na Europa, incluindo a produção primária, os serviços alimentares e os agregados familiares. No mundo, e de acordo com dados de 2022, são mais de mil milhões de toneladas de alimentos desperdiçados.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) caracteriza o desperdício de alimentos de duas formas:

  • Perdas de alimentos

    Ocorrem durante as fases de produção, armazenamento, processamento e transporte. Por exemplo, quando uma colheita é danificada pelas condições meteorológicas ou quando um frasco de vidro com polpa de tomate se parte durante o transporte.

  • Desperdício de alimentos

    Acontece na fase de consumo, incluindo o retalho, os serviços de alimentação (como restaurantes e cantinas) e o consumo doméstico. Por exemplo, quando um iogurte vai para o lixo por ter passado da validade.

O maior desperdício de alimentos acontece em casa

Dos mais de mil milhões de toneladas de alimentos que todos os anos são desperdiçados no mundo, o Índice de Desperdício Alimentar de 2024 das Nações Unidas indica que cerca de 60% tem origem nos agregados familiares, correspondendo a 631 milhões de toneladas de alimentos.

Que países europeus lideram o ranking de maior desperdício de alimentos?

Na União Europeia (UE), estima-se que são desperdiçadas 59 milhões de toneladas de alimentos todos os anos. Cerca de 54% deste “bolo”, ou seja, a maioria, foi gerada pelas famílias, em suas casas. Isto significa que, por ano, cada europeu produz cerca de 132 kg de resíduos alimentares – 72 kg destes alimentos são desperdiçados em casa.

Precisa de “digerir” estes dados? Saiba na infografia abaixo quais são os países da Europa com maior desperdício de alimentos.

Infografia do top 10 de países da União Europeia com maior desperdício de alimentos

O mapa ilustra o total de alimentos desperdiçados em cada país da União Europeia. Se olharmos para o desperdício alimentar com origem nos agregados familiares (as famílias representam mais de metade do total) e recorrendo ao desperdício por habitante, percebe-se que Portugal ocupa o pior dos lugares, o primeiro: em 2022, foram desperdiçados 123 kg de alimentos per capita em Portugal. O segundo lugar é ocupado pela Itália (100 kg per capita) e Malta surge logo depois (88 kg per capita). São números que ajudam a refletir sobre o que vai parar ao caixote do lixo lá de casa – e sobre o que pode ser feito para mudar esta realidade.

A nível mundial, em 2022 os três países onde houve mais desperdício alimentar com origem nos agregados familiares, foram a China (mais de 108 milhões de toneladas), a Índia (mais de 78 milhões de toneladas) e os EUA (mais de 24 milhões de toneladas). Uma das conclusões do Índice de Desperdício Alimentar de 2024 das Nações Unidas é que o desperdício alimentar não é exclusivo aos países mais desenvolvidos – o desperdício de alimentos per capita é semelhante quando comparamos países de rendimento alto, médio-alto e médio-baixo.

Os resíduos alimentares são responsáveis por cerca de 16% das emissões de gases com efeito de estufa. Se o desperdício alimentar fosse um país, seria o quinto país do mundo com mais emissões de GEE.

Quais os planos da Europa para reduzir o desperdício alimentar?

O impacto positivo de reduzir as perdas e o desperdício de alimentos tem várias dimensões. Melhorar a economia é um deles, já que reduzindo os custos relacionados com o desperdício alimentar, as famílias poupam dinheiro nas compras. Depois, melhora-se a saúde e combate-se a fome a nível mundial, através da disponibilização de alimentos seguros e de qualidade, e reduzem-se as emissões de gases com efeito de estufa, o que ajuda a combater as alterações climáticas. É por tudo isto que um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas é reduzir para metade, até 2030, o desperdício alimentar per capita.

Governos, instituições de ensino, empresas e consumidores têm um papel a desempenhar na concretização deste objetivo. Há um conjunto de regras na União Europeia que têm o propósito de reduzir o desperdício alimentar como, por exemplo:

  • o incentivo à doação de alimentos;
  • a maior clareza na apresentação das diferentes datas dos produtos (data de fabrico, de embalamento, de validade…);
  • a valorização de resíduos alimentares para a alimentação de animais;
  • a monitorização e avaliação dos progressos de cada país.

Conheça algumas das iniciativas do Grupo Jerónimo Martins

  • São utilizados legumes e fruta “feios” em produtos como sopas, saladas e refeições prontas a comer, ou ainda na alimentação animal – entre 2015 e 2023 foram aproveitadas mais de 120.000 toneladas destes alimentos;
  • São efetuadas doações de alimentos a instituições de solidariedade – só em 2023, foram doadas 19.000 toneladas de produtos alimentares;
  • O projeto markdown disponibiliza produtos próximos da data de validade a preços mais baixos – entre 2019 e 2023, evitou-se o desperdício de 27 mil toneladas de alimentos.

Descubra mais sobre este tema e conheça as nossas dicas e receitas para reduzir o desperdício de alimentos.