Comprar produtos locais faz sentido! Mas… porquê?
Uma alimentação sustentável passa por saber de onde vêm os produtos que consumimos – e o impacto que têm no ambiente e na economia. Na equação que junta alimentação de qualidade e produtos locais, retalhistas e consumidores têm um papel a desempenhar.
A viagem de um alimento: porquê comprar local?
Todos os alimentos têm um “berço”, uma identidade, e, na altura certa, também eles obtêm um “passaporte” para viajar por esse mundo fora – até às nossas mãos, às nossas casas e aos nossos pratos. Uma viagem cujo preço a pagar pode ser muito elevado, já que o impacto ambiental de um produto oriundo do norte do país e que, daí, viaja até aos supermercados nacionais, é diferente do impacto de um produto produzido na China e que tem de viajar milhares de quilómetros, de barco, camião ou avião, por vezes durante vários dias, até chegar a um supermercado de qualquer país europeu.
Com o crescimento da população mundial e o consequente aumento do consumo, um dos maiores desafios dos retalhistas alimentares passa por garantir que, face à escassez de recursos, é implementada uma estratégia inteligente quanto aos produtos disponibilizados, não colocando em causa o abastecimento das lojas nem criando desequilíbrios na produção, para assim dar resposta à procura de milhões de consumidores por alimentação de qualidade.
Reduzir a pegada carbónica dos alimentos também envolve os consumidores que, na hora de encher o carrinho de compras, podem escolher comprar local.
O que são considerados produtos locais?
Dentro de um supermercado cabe o mundo inteiro. Se lhe parece uma afirmação exagerada, experimente verificar a origem dos produtos – sobretudo frutas e legumes, carne ou peixe – que costuma adquirir. No mesmo corredor, poderá encontrar banana, por exemplo, de sítios tão diversos como a Madeira, o Brasil ou África.
É a proximidade entre o local de produção e local de consumo que caracteriza os produtos locais. Podem ser produtos típicos de determinada região, estar associados ao cumprimento de boas práticas agrícolas e sociais, e incluir compras a fornecedores locais. Atualmente, ter acesso a qualquer alimento independentemente da altura do ano está apenas a uma (longa) viagem de distância, pelo que escolher produtos locais é também optar pela sazonalidade.
Quer esteja em Portugal, Polónia ou Colômbia, saiba que o Pingo Doce, o Recheio, a Biedronka e a Ara procuram comprar os produtos que vendem nas suas lojas a fornecedores locais, ao invés de os importar, sempre que possível.
Conheça algumas histórias de fornecedores que merecem ser contadas, como é o caso do tomate Malinowy na Polónia, ou da carne bovina Angus 100% nacional, em Portugal.
Vantagens de escolher produtos locais
A compra de produtos locais tem impacto a três grandes níveis: o ambiente, a economia e a comunidade. Estes são alguns dos seus benefícios:
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Qualidade e frescura
Depois de um alimento ser colhido, o tempo que passa até ao seu consumo tem influência no seu perfil nutricional e na sua frescura – sobretudo, se essa distância implicar as diferenças de temperatura associadas ao transporte, o excessivo manuseamento do produto, o seu acondicionamento, entre outros fatores.
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Segurança alimentar
Comprar a fornecedores locais e garantir a proximidade com a origem de um produto significa que a sua possibilidade de contaminação é menor. De região para região, as práticas mudam, pelo que nem sempre é possível garantir os mais elevados padrões de qualidade.
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Apoio à economia local
Os produtos importados são comprados a outros fornecedores e entidades que não os do próprio país, logo, a economia local e o trabalho dos fornecedores locais estão a ser prejudicados. Escolher produtos locais é também uma oportunidade de conhecer a origem e os métodos de produção dos alimentos, bem como de valorizar o que é “nosso”.
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Menor impacte ambiental
Optar por fornecedores locais (do lado dos retalhistas) e escolher produtos locais (do lado do consumidor) é uma forma de reduzir a pegada de carbono, contribuindo para a preservação do ambiente. Havendo menos importações, há menos impactos negativos dos transportes a partir de longas distâncias, com a diminuição das emissões poluentes. Além disso, implica gastar menos recursos do planeta, já que, por exemplo, há menos embalagens envolvidas (que o transporte de longas distâncias requer) e um menor gasto de energia.
Há, no entanto, situações em que é necessário recorrer à importação de produtos. E estão bem identificadas as condições que obrigam a isso:
- Escassez devido à sazonalidade na produção; é um fenómeno comum nas frutas e vegetais, quando os fornecedores locais estão limitados por motivos que escapam ao seu controlo, ou quando o consumidor procura frutas sazonais durante todo o ano;
- Quando não existe qualquer produção a nível nacional ou, então, quando o volume produzido não é suficiente para garantir o abastecimento regular das lojas;
- Quando a relação qualidade-preço dos produtos fornecidos localmente impede que seja possível proporcionar aos consumidores a melhor qualidade ao melhor preço.
Como distinguir os produtos locais?
Preste atenção às descrições e aos rótulos dos produtos, onde a origem dos mesmos é mencionada. Para que o consumidor saiba que está a comprar produtos locais, são colocadas etiquetas ou autocolantes nos produtos provenientes de fornecedores locais, como acontece com as frutas e os vegetais.
- Em Portugal, é frequente encontrar a mensagem “100% Nacional” nos produtos de Marca Própria do Grupo que têm origem local.
- Na Polónia, as indicações mais utilizadas são “Polski Produkt” (“Produto Polaco”) e “#jedzcopolskie” (“Coma o que é Polaco”).
- Na Colômbia, vê-se a etiqueta “Hecho en Colombia” (“Feito na Colômbia”) em muitas das Marcas Próprias da Ara.
Produtos locais no Grupo Jerónimo Martins
O Grupo Jerónimo Martins assumiu o compromisso de garantir que pelo menos 80% dos produtos alimentares vendidos nas suas lojas provêm de fornecedores locais.
Em 2023, o objetivo não só foi cumprido como foi superado, com 91% da totalidade de produtos vendidos pelo Grupo comprados a fornecedores nacionais. Em Portugal, através das lojas Pingo Doce e Recheio, o valor atingiu os 83%. Na Polónia, pela Biedronka, esse valor chega aos 92% e, na Colômbia, através da Ara, ultrapassa os 95%.
Independentemente do país, o Grupo Jerónimo Martins defende que a promoção dos produtos locais tem de começar na “fonte”, isto é, nos fornecedores – só assim se torna possível apoiar a produção nacional e estimular as economias locais.
Lembre-se: em loja, procure os selos que identificam os produtos nacionais e os que são provenientes de fornecedores locais.