Bem-vindos à serra do Açor
Situa-se entre as serras da Lousã e da Estrela, e abrange os concelhos de Arganil e Pampilhosa da Serra, no distrito de Coimbra. Com uma área de mais de um milhão de hectares, a serra do Açor é uma zona de montanha, xistosa, atravessada pela ribeira da Mata da Margaraça e pela barroca de Degraínhos, uma zona onde a erosão natural originou diversas quedas de água como a Fraga da Pena.
O ponto mais alto, a 1.418 metros de altitude, é o pico da Cebola. Daí, a vista impressiona, com espécies autóctones como o lírio-mártago (também conhecido como martagão) ou o carvalho-alvarinho a pontuar a paisagem. A fauna inclui javalis, anfíbios, répteis, pequenos mamíferos, pássaros e ainda cerca de 240 espécies de borboletas. E, claro, o açor (Accipiter gentilis), a ave de rapina que empresta o nome à serra.
A serra do Açor é uma das maiores áreas florestais de Portugal, com uma beleza indescritível e de enorme importância a nível ambiental. É Paisagem Protegida desde 1982, com o objetivo, precisamente, de proteger os seus valores naturais, culturais, científicos e recreativos.
Qual a importância da serra do Açor?
Desde as construções de xisto, típicas da região do centro do país, devido à abundância deste material rochoso, às espécies endémicas e ao vasto manto de floresta, a serra do Açor é rica em património biológico, histórico e cultural.
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Biodiversidade
Além do açor, ave de rapina com um gosto particular por zonas onde existam cursos de água e árvores de grande porte, a serra do Açor é o refúgio e o habitat de muitas espécies fascinantes, desde aves, invertebrados, répteis ou mamíferos, muitas das quais são endémicas da região. A sua variedade de habitats, que incluem florestas, pastagens, rios e vales, oferece as condições ideais para a sobrevivência de diversas formas de vida, contribuindo para a preservação da biodiversidade local e regional.
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Comunidades locais
É do que a natureza dá que as comunidades locais da zona da serra do Açor subsistem, nomeadamente da atividade agrícola e pastorícia, da apicultura e do artesanato. A serra fornece recursos essenciais, como água, madeira, e pastagens para o gado. Também o turismo tem ganho expressão, com as suas paisagens, aldeias e tradições a contrastar com o ritmo frenético das cidades.
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Ambiente
Preservar a serra do Açor e toda a sua biodiversidade é contribuir para a regulação do clima local, para a proteção contra desastres naturais, como cheias e deslizamentos de terra, e para a conservação do solo e da água. Além disso, a serra desempenha um papel importante na manutenção da qualidade da água em toda a região, uma vez que muitos rios e regueiros nascem neste ambiente.
Os incêndios florestais são uma das principais ameaças à serra do Açor
É especialmente no verão que somos confrontados com a desflorestação provocada pelos incêndios. Em 2017, o cenário idílico da serra do Açor foi palco de uma das maiores batalhas contra o fogo em Portugal: perdeu cerca de 80% das suas matas e florestas.
Em Portugal, estima-se que entre 2000 e 2019 tenham ardido 2,8 milhões de hectares de floresta, matos e terrenos agrícolas. De acordo com o Instituto para a Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), as principais causas são:
- Uso negligente do fogo, que inclui trabalhos agrícolas, de silvicultura e de pastorícia que acabam por se descontrolar, como as queimadas de material lenhoso e outros excedentes vegetais, de lixo e fogueiras.
- Intencionais, como o fogo posto.
- Acidentais, causados por transportes, telecomunicações e uso de maquinaria.
- Reacendimentos de fogos extintos.
- Causas naturais, como a queda de raios.
Do número total de incêndios em Portugal, 20% a 30% têm causas intencionais (representam entre 40% e 50% da área ardida), 50% a 60% são originados por negligência (compreendendo de 30% a 40% da área ardida) e apenas uma percentagem muito baixa representa causas naturais como a queda de raios, que é responsável por cerca de um incêndio florestal por ano.
A iniciativa Portugal Chama, criada pela Agência para a Gestão Integrada de Fogos (AGIF) e à qual o Grupo Jerónimo Martins se associou em 2019, visa educar e alertar a população para os incêndios florestais, explicando como prevenir e como agir em caso de incêndio.
Projeto de reflorestação da serra do Açor
O manto negro que, em 2017, cobriu a floresta do centro de Portugal, está, gradualmente, a ser renovado.
O projeto “Floresta Serra do Açor” nasceu em 2020 e é financiado pelo Grupo Jerónimo Martins, em colaboração com a Câmara Municipal de Arganil, com as associações dos proprietários de terrenos baldios e com a Escola Superior Agrária de Coimbra. Foi ainda criada uma associação reconhecida como entidade de Gestão Florestal (F. S. A. – Floresta da Serra do Açor – Associação) responsável pela gestão de todo o projeto.
A reflorestação da serra do Açor é um projeto a 40 anos, abrangendo uma área de 2.500 hectares e contando com um investimento de 5 milhões de euros. Um dos primeiros objetivos é, até 2026, plantar mais de 1,8 milhões de árvores de espécies como o pinheiro-bravo, o sobreiro, o castanheiro, o carvalho e o medronheiro.
No espaço de três anos, de 2020 a 2023, este projeto de reflorestação da serra do Açor permitiu plantar 697 mil novas árvores.
Espécies de árvores plantadas na Serra do Açor: sobreiro (Quercus suber); pinheiro-bravo (Pinus pinaster); carvalho-alvarinho (Quercus robur); castanheiro (Castanea sativa); carvalho-negral (Quercus pyrenaica); e medronheiro (Arbutus unedo).
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Pinheiro-bravo (Pinus pinaster)
Espécie originária do Sudoeste Europeu e do Norte de África. Permite a extração de resina, ajuda à fixação de dunas e renovação de solos, oferece proteção contra o vento e produz madeira durável e resistente. Gera pinhões e as pinhas podem ser usadas como combustível renovável.
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Carvalho-negral (Quercus pyrenaica)
Espécie nativa da Península Ibérica e Norte de África, que fornece madeira de qualidade. Os seus bugalhos (ou galhas) são também um remédio caseiro contra as picadas de vespas.
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Carvalho-alvarinho (Quercus robur)
Espécie Eurasiática, foi em tempos dominante na floresta portuguesa. Produz bolotas e a sua madeira é das mais valiosas da Europa por ser resistente à humidade.
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Sobreiro (Quercus suber)
Espécie endémica da Europa e do Norte de África, é uma árvore importante para a economia portuguesa já que produz a tão versátil cortiça. As suas bolotas são usadas para alimentar animais como os porcos ibéricos.
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Castanheiro (Castanea sativa)
Espécie originária do Mediterrâneo, produz madeira usada em construção, carpintaria e cestaria. O fruto é a tão apreciada castanha, utilizada para alimentação humana e animal.
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Medronheiro (Arbutus unedo)
Espécie da Bacia Mediterrânica e Europa Ocidental, que suporta temperaturas negativas (até -15 °C). O seu fruto, o medronho, é consumido fresco ou usado para produzir licores e aguardentes. O pólen das flores usa-se para produzir mel de medronheiro. Por não crescer a direito, a sua madeira é usada para lenha – e para esculpir cachimbos.
A regeneração das florestas não depende apenas da plantação de árvores. Como tal, o projeto inclui ainda medidas de gestão florestal, como o acompanhamento contínuo das espécies, a sua replantação quando necessário, e ações de limpeza e desbaste. A prevenção de incêndios e a promoção da economia local fazem parte dos objetivos do projeto.
Combater a desflorestação – na serra do Açor e em qualquer outra parte do mundo – só é possível com um compromisso sustentado a longo prazo. Todos temos um papel nesta viagem, seja ao evitar comportamentos de risco, ao contribuir de forma local para a plantação de árvores, ou simplesmente ao desfrutar de forma responsável do melhor que a floresta tem para oferecer.