O óleo de palma tem estado no centro de vários debates e discussões acaloradas nos últimos anos, uma vez que está presente em quase tudo o que vemos – dos alimentos aos combustíveis. Por outro lado, existem muitos produtos com o rótulo “sem óleo de palma”.
Porque é que um óleo tão acessível, versátil e difundido em todo o mundo é alvo de um ataque tão feroz? O impacto ambiental da produção em massa de óleo de palma é a principal razão. Mas o assunto requer um pouco mais de análise. Descubra aqui a verdade sobre o óleo de palma.
O que é o óleo de palma?
O óleo de palma é um óleo vegetal extraído do fruto de uma família de palmeiras nativas de África. É um dos óleos vegetais mais utilizados em todo o mundo e um ingrediente comum numa grande variedade de produtos, desde snacks e doces a produtos para o cabelo ou para a pele. Gelados, batatas fritas, chocolate, desodorizantes, sabão ou detergentes são apenas alguns dos produtos que contêm óleo de palma. É também utilizado como biocombustível em muitos países e como um aditivo nas rações para animais.
Mais de 40 países produzem este produto, mas a Indonésia e a Malásia, em conjunto, representam cerca de 83% da produção mundial de óleo de palma, sendo responsáveis por 66 milhões de toneladas (de um total de 78 milhões de toneladas). O continente africano produz apenas cerca de 5% do óleo de palma mundial.
Porquê utilizar óleo de palma?
O óleo de palma é um óleo vegetal extremamente versátil, que tem propriedades muito úteis e funcionais, tanto na indústria alimentar como na indústria não alimentar. Por exemplo, este óleo é semissólido à temperatura ambiente, pelo que é utilizado em produtos para barrar, como substitutos da manteiga ou da margarina. É resistente à oxidação, o que ajuda os produtos a atingirem um prazo de validade mais longo. É também resistente à temperatura, pelo que é muito utilizado para fritar. Por último, o óleo de palma é inodoro e incolor, não alterando o aspeto nem o cheiro dos produtos alimentares.
Produtos comuns com óleo de palma
Para além da indústria alimentar, onde é utilizado em gelados para obter uma textura suave, ou em chocolates para evitar que derretam, o óleo de palma é amplamente utilizado em cosméticos, como loções, cremes e batons, devido à sua textura cremosa. Também é eficaz na obtenção de espuma, o que o torna excelente para produzir sabonete, champô, e gel de banho.
O óleo de palma pode também ser utilizado na produção industrial de borracha, em tintas de impressão, devido às suas propriedades aglutinantes, e em produtos farmacêuticos. O seu relativo baixo custo de produção, aliado à sua versatilidade, torna-o um dos óleos vegetais mais populares em todo o mundo.
Qual é o problema do óleo de palma?
O problema não está no óleo de palma em si – está na produção não-sustentável desta matéria-prima, que leva à desflorestação e à destruição de habitats naturais.
O óleo de palma é extraído do fruto da palmeira Elaeis guineensis, que pode viver entre 28 e 30 anos. Só que, à medida que as árvores cresciam, também as dificuldades para obter os seus frutos se tornavam maiores. Em tempos em que as preocupações ambientais eram menos tidas em conta, as palmeiras maduras eram repetidamente abatidas para que novas pudessem ser plantadas.
Além disso, as culturas de óleo de palma são muito eficientes, o que significa que são necessários menos fatores de produção, como área de solo, água ou fertilizantes, em comparação com outros óleos vegetais – coco, girassol, soja, etc. – o que o tornou um alvo para a produção em massa. Por este motivo, partes das florestas tropicais foram abatidas para dar lugar a monoculturas de palmeira. A produção de óleo de palma tem sido responsável, então, por parte da desflorestação de algumas das florestas mais diversas e ricas do planeta.
A desflorestação das florestas tropicais tem um efeito secundário muito grave para o ambiente. Durante a desflorestação são libertadas quantidades enormes de dióxido de carbono na atmosfera — contribuindo para as alterações climáticas. Calcula-se que a desflorestação tropical seja responsável por cerca de 10% do total das emissões de gases com efeito de estufa.
Infelizmente, há mais consequências. Com a desflorestação, perdem-se os habitats naturais de muitas espécies, incluindo algumas já criticamente ameaçadas, como o orangotango, o elefante pigmeu de Bornéu, o tigre-de-Sumatra, e o rinoceronte-de-Sumatra.
O óleo de palma sustentável é a escolha certa
Quer isto dizer que devemos deixar de utilizar óleo de palma? Não exatamente. Embora a produção em massa de óleo de palma possa ser prejudicial para o ambiente, a fauna tropical e as populações locais, existem formas de garantir que o óleo de palma utilizado nos produtos que consumimos não contribui para estes problemas.
Depois das reações negativas ao óleo de palma, as ONG depressa se aperceberam de que, apesar de todos os problemas associados à produção de óleo de palma, as alternativas também têm impactos negativos no ambiente. Outros óleos vegetais também contribuem para a emissão de gases de efeito de estufa e desflorestação e, ao mesmo tempo, têm ciclos de produção menos eficientes.
A resposta veio sob a forma de uma certificação: óleo de palma produzido de forma sustentável. Assim, a forma mais responsável de lidar com este problema é procurar por óleo de palma com certificação pela RSPO.
Jerónimo Martins e o óleo de palma
Reconhecendo a importância do óleo de palma e das questões relacionadas com a sua produção, o Grupo Jerónimo Martins mapeia desde 2014 a presença deste ingrediente nos seus produtos de Marca Própria vendidos nas lojas Pingo Doce, Recheio, Biedronka, Ara e Hebe.
Para isso, questiona os seus fornecedores sobre a origem e viagem desta e de outras matérias-primas, como por exemplo a soja, o papel e a madeira e a carne bovina, ao longo das diferentes fases de produção de um produto. A isto, os especialistas chamam de rastreabilidade.
O Grupo responde anualmente ao CDP Forests, um programa internacional que atua em nome de investidores que procuram perceber como é que as organizações estão a gerir e reduzir os riscos relacionados com desflorestação, disponibilizando publicamente as respostas. Em 2023, a Jerónimo Martins foi distinguida com A (pontuação máxima) pelo seu desempenho no programa “alterações climáticas”, e A- (nível de Liderança) em “segurança hídrica” e na gestão das matérias-primas associadas ao risco de desflorestação, nomeadamente o óleo de palma.
O Grupo Jerónimo Martins é membro da RSPO, uma organização internacional sem fins lucrativos que reúne partes interessadas dos setores da indústria de óleo de palma – produtores, processadores, fabricantes, retalhistas, bancos/investidores e organizações não-governamentais – para desenvolver e implementar padrões globais para a produção de óleo de palma sustentável.