Alergia vs. intolerância alimentar: afinal, quais são as diferenças?
Estima-se que cerca de 15% a 20% da população mundial sofra de algum tipo de intolerância alimentar e que, na Europa, mais de 17 milhões de pessoas sofram de alergias alimentares.
Os conceitos de alergia alimentar e de intolerância alimentar são frequentemente confundidos. Chegou o momento de pôr tudo em pratos limpos.
Uma alergia alimentar é uma reação adversa do organismo a uma substância presente num alimento. Essa reação é desencadeada pelo sistema imunitário e acontece muito rapidamente. A prevalência de alergias alimentares é inferior ao que muitas vezes se julga, sendo mais comuns nas crianças do que nos adultos. Os alimentos que provocam as alergias alimentares mais frequentes são o trigo, a soja, os crustáceos, o ovo, o peixe, os amendoins e frutos de casca rija, o leite, o aipo, a mostarda, as sementes de sésamo, os tremoços e os moluscos.
Já uma intolerância alimentar resulta geralmente da falta de enzimas no organismo para processar uma determinada substância. Por isso, surge uma maior dificuldade de digestão dos alimentos. Em alguns casos os sintomas podem ser semelhantes ao de uma alergia. No entanto, nem sempre ocorrem de uma forma tão imediata, o que acaba muitas vezes por tornar difícil identificar o agente causador, que pode ser um alimento ou um aditivo alimentar.
Parece demasiada informação, mas é fácil de entender: na prática, se for o sistema imunitário a reagir – o que acontece muito rapidamente – é porque se está perante uma alergia alimentar; se a reação do organismo for mais lenta e não for desencadeada pelo sistema imunitário, sendo por isso mais difícil identificar as causas do problema, estamos perante uma intolerância alimentar.
Muitas vezes, a diferença também pode ser percebida com base na severidade das reações do organismo. Enquanto os sintomas de uma intolerância são maioritariamente gastroenterológicos, como dores abdominais e intestinais, podendo também manifestar-se problemas de pele, os sintomas de uma alergia a um alimento podem, para além dos anteriores, ser bastante mais graves – como a dificuldade em respirar – e provocar um choque anafilático poucos segundos ou minutos após se estar em contacto com uma substância a que se tem alergia.
As 5 intolerâncias alimentares mais comuns
Em teoria, pode desenvolver-se uma intolerância alimentar a qualquer produto, já que vários alimentos contêm (de forma natural ou artificial) substâncias potencialmente motivadoras de uma reação adversa. O desenvolvimento de intolerâncias e alergias alimentares não é completamente conhecido e a sua deteção não é fácil, porque podem existir várias causas possíveis.
As intolerâncias alimentares mais comuns são:
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Intolerância ao glúten
O glúten é uma proteína presente em alguns cereais, especialmente o trigo e a cevada. Podemos encontrá-lo na maioria dos pães e bolos. Saiba quais as diferenças entre a intolerância ao glúten e a doença celíaca;
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Intolerância à lactose
A lactose não é mais do que o açúcar natural do leite e está presente em praticamente todos os lacticínios, mas também em ingredientes menos óbvios, como a maioria dos fiambres;
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Intolerância a sulfitos
Os sulfitos estão presentes, de forma comum, no vinho e em medicações variadas. São também frequentemente adicionados como aditivos de conservação a vários alimentos (por exemplo, marisco);
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Má absorção de frutose
Tal como o próprio nome indica, a frutose está naturalmente presente em todos os frutos frescos, nas uvas-passas e no gengibre, entre outros alimentos;
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Intolerância ao glutamato monossódico
Este aminoácido está presente naturalmente em alguns alimentos, como é o caso do tomate, mas pode também ser adicionado em produtos processados, como intensificador de sabor;
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Outros aditivos
Entre estes contam-se os corantes, os antioxidantes, os emulsionantes, os estabilizadores e os conservantes.
Os principais sintomas de uma intolerância alimentar são maioritariamente gastrointestinais – cólicas, obstipação, diarreia, acidez – mas podem manifestar-se ainda sob a forma de acne, eczema ou urticária. Em certos casos podem surgir dificuldades respiratórias como asma, rinite ou outras.
Estaremos a desenvolver mais alergias e intolerâncias alimentares?
Nas últimas décadas, a prevalência de alergias, intolerâncias e sensibilidade a alimentos ou componentes químicos tem aumentado. E há várias razões que explicam isto.
Por um lado, não se pode descartar a existência de uma componente genética que afeta a forma como o organismo reage a certas substâncias. Por outro lado, a investigação sugere que quanto maior o consumo de alimentos “incompatíveis” com o nosso organismo, maior a probabilidade de se manifestarem sintomas de intolerâncias alimentares. Esses sintomas vão ficando connosco e vão obrigar-nos a mudar hábitos de consumo.
Há estudos que revelam que o consumo de alimentos muito processados pode contribuir para o aumento de intolerâncias alimentares. E as alterações a que os alimentos estão sujeitos são uma “novidade” para o corpo humano.
Como viver com intolerância alimentar?
As intolerâncias alimentares e as alergias têm impactos evidentes na saúde física. Mas há por vezes constrangimentos na capacidade de interação social, já que muitas pessoas com estes problemas se vêm muitas vezes impossibilitadas de participar em jantares, festas ou outros eventos que tenham comida como ponto central.
A melhor forma de controlar intolerâncias alimentares é fazer o acompanhamento dos sintomas com um profissional de saúde. Restringir demasiado a alimentação, de forma a evitar as consequências de intolerâncias alimentares, pode levar a situações de subnutrição, pelo que se deve ter muito cuidado.
Para os intolerantes ao glúten e à lactose existe uma grande variedade de alternativas, para que se possa continuar a desfrutar dos pratos favoritos. Adicionalmente, desde 2011 que os produtos alimentares vendidos na União Europeia têm a lista de alergénios e possíveis alergénios indicada no rótulo.
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